A palavra seresta está relacionada à noite (sereno). É um tipo de evento cultural que se fazia e ainda faz para homenagear pessoas, cantar e tocar para elas. É um costume da Europa do tempo da Idade Média (a partir do séc. XII). O instrumento principal era a guitarra, nome que o restante do mundo dá ao violão. Geralmente a seresta era oportunidade de homenagear a mulher amada, por parte dos apaixonados, uma forma de paquera, feita sob a janela da moça. Também poderia ser uma maneira de homenagear pessoas, amigos, famílias. O que mudara era a música, o repertório. Utilizavam-se muito as valsas, os tangos, os schotischs.
Desde o século o século XVIII houve a música de seresta no Brasil, a partir das cidades maiores, como o Rio de Janeiro e Salvador. Em São Paulo também se viu a seresta.
Na nossa Itu os primeiros registros da seresta estão relacionados ao compositor Tristão Júnior (1880 – 1935), o Nhonhô Tristão. Ele escreveu dezenas de músicas para o gênero de seresta e era comum vê-lo, com seu grupo, pelas noites mal iluminadas de Itu, tocando e cantando suas músicas.
Com ele também estavam outros músicos do tempo, como seu irmão Luís Gonzaga, Agnelo Macedo, José Tescari, somente homens. Para as mulheres, naquele tempo, não era recomendado estar na rua à noite.
Tristão Jr. fez muito sucesso. Suas músicas foram, inclusive, impressas e vendidas nas cidades maiores.
Depois da sua morte houve os seresteiros, continuaram a tocar, por exemplo, formando o Conjunto Tristão Jr. Depois se formou também o Conjunto Seresteiros do Passado, que se apresentava nas ruas e no estúdio da Rádio Convenção de Itu.
A casa, onde está instalado o Museu da Música – Itu, pertenceu ao seresteiro Luís de Francisco (1892 – 1968), um dos organizadores do Conjunto Seresteiros de Itu. Diversas vezes esse grupo ensaiou nas salas daquela casa. Algumas músicas do grupo foram encontradas no acervo da sua família;
Hoje existem alguns grupos de seresta, o mais antigo o Quarteto Tristão Jr. Criado em 1990 quando foi instituída a Semana Tristão Jr., para que a música do nosso compositor não desaparecesse. É realizada anualmente de 12 a 18 de janeiro.
Para que pudéssemos bem conhecer essa história, o Museu da Música – Itu abriu em setembro de 2011 a mostra Seresteiros de Itu, com relatos, instrumentos, fotos e gravação da música de seresta cidade. O museu guarda a maior coleção de partituras de Tristão Jr, e está fazendo o possível para divulgá-la É uma oportunidade para estudarmos melhor esse patrimônio imaterial da nossa gente. Não vamos perdê-la.
A Ação Educativa Seresteiros de Itu proporcionou a cerca de dois mil alunos da rede pública municipal de Itu a oportunidade de vivenciar a experiência da seresta, ouvir, escutar e entender seu contexto histórico e artístico através do trabalho dos educadores Cláudia Capelli e Joab Barboza. Ouvir histórias, dançar, cantar e mergulhar na história da música “de paquera” de Itu serviu para manter viva a memória e a tradição das serestas ituanas.
A ação educativa foi levada adiante entre 2012 e 2013