Coro do Bom Jesus, 1946
A instituição que mais produziu música em Itu foi a Igreja Católica. Ao longo de quase 400 anos de existência, inúmeros Mestres de Capela, cantores, instrumentistas e compositores passaram por Itu.
As Irmandades e Ordens Terceiras aí estabelecidas patrocinavam as missas solenes, novenas, procissões, rezas, bênçãos e, sobretudo, a Semana Santa, ponto central da atividade cultural religiosa. Sua atividade principal era a música para as celebrações religiosas nos templos mais antigos da cidade – a Igreja Matriz de Nossa Senhora Candelária, a Igreja do Bom Jesus, os Conventos de São Francisco e do Carmo.
Dentre os músicos destacam-se o Padre Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819), Padre Jerônimo Pinto Rodrigues (1790-1849), Elias Álvares Lobo (1834-1901), Tristão Mariano da Costa (1846-1908), José Mariano da Costa Lobo (1857-1892) e Tristão Júnior (1880-1935), Mestres de Capela da Igreja Matriz de Itu, dos quais se conhece composições. A música sacra é a melhor registrada, entre todas as atividades musicais da História de Itu.
Banda do José Victório, c. 1908
Em 1684 Antonio Machado do Passo já contava com duas bandas, uma de brancos e outra de negros em Itu. A música marcial sempre teve um papel significativo na vida das cidades paulistas, pois era um elemento agregador em meio a celebrações populares. No século XIX a atividade de banda se intensifica. Sabemos que, após 1850 ao menos seis ou sete bandas existiram concomitantemente em Itu, inclusive na zona rural. Exibindo-se em procissões, em retretas no coreto da praça, fazendo concertos musicais, inclusive em lugares inusitados, como a chaminé da Fábrica São Luiz, as bandas de música agitaram a vida ituana. Envolvidas em questões políticas, foram palco do triste episódio “Jagunços e Maragatos” que dividiu a elite ituana na década de 1890.
Lembramos, como antigos Mestres de Banda, José de Quadros Leite, Elias Lobo, Tristão Mariano, João Narciso do Amaral, José Victorio de Quadros. Na primeira década do século XX formaram-se as duas bandas atuantes em Itu ainda hoje – Corporação Musical União dos Artistas e Corporação Musical Nossa Senhora do Carmo. Uma terceira – Banda da Fábrica São Pedro existiu por mais de vinte anos.
Abertura da Mostra Seresteiros de Itu, 2011
A partir do século XIX a elite local tomou gosto por encontros musicais e literários chamados saraus.
Neles reuniam-se as figuras mais salientes da sociedade, em casas elegantes, como o
Palacete da Baronesa de Itu (atual Espaço Cultural Almeida Júnior), para ouvir os músicos e
cantores se exibirem. O repertório era variado, mas geralmente trechos de óperas europeias,
uma ou outra canção brasileira e algumas quadrilhas. Estas movimentavam os convivas,
que dançavam a noite toda. Serviam-se salgados, doces e licores.
Algumas vezes se pôde ouvir composições da terra, como trechos da ópera A noite de São João, de Elias Lobo, ou as
famosas Quadrilhas de José Mariano, descobertas e recuperadas pelo Museu da Música – Itu.
órgão Cavaillé-coll da Igreja Matriz de Itu
A música se faz cantada ou através de instrumentos musicais, que são recursos de reprodução dos sons. Na história da música ituana notam-se alguns instrumentos musicais importantes. Sabemos que houve um órgão na Igreja Matriz no final do século XVIII. O órgão que está na igreja desde 1883 é um legítimo Cavaille-cóll, fabricado em Paris e adquirido em 1882. Outros instrumentos de uso litúrgico também foram fabricados por importantes casas europeias, como os harmônios Debain, na igreja matriz, Santa Casa e Alexander Perr e fils da Igreja do Bom Jesus.
As bandas também guardam acervo de instrumentos antigos. Um ophcleide, que não é mais utilizado, instrumento de sopro da família dos metais, está entre as raridades da Corporação Musical União dos Artistas.
O Museu da Música guarda três exemplares de pianos, de fabricação alemã, francesa e brasileira, que revelam a forte presença da música na vida doméstica na cidade. Além dele se pode ver ali exemplares raros de um órgão portativo inglês e outro fabricado em Indaiatuba.
O Museu Republicano Convenção de Itu preserva exemplares de pianos fabricados em Itu por Antonio Venerando Teixeira (séc. XIX).
O ensino da música em Itu, no período colonial, se deu, como em todo o Brasil, através dos grupos musicais. O Mestre de Capela, responsável pela música na Igreja, ensinava leitura e a prática de canto e de instrumentos para seus alunos. Estes formavam a orquestra e o coro da Igreja.
O mesmo se dava nas bandas, um ensino informal, sem método institucionalizado. Em 1875 Elias Lobo e Tristão Mariano da Costa promoveram um Congresso, reunindo professores de música, para que em toda a Província de São Paulo houvesse um único método de ensino musical. Ao longo do século XX a música sempre fez parte do currículo escolar, nas escolas públicas ou privadas. Importante professor foi Luiz Gonzaga da Costa Júnior, na Escola Regente Feijó, por 36 anos. Houve também escolas específicas para o ensino musical, como os Conservatórios Elias Lobo e Tristão Mariano.
Nas Escolas Normais do Colégio Patrocínio e do Regente Feijó o ensino era voltado para que os professores estivessem capacitados para lecionar música aos pequenos. As fanfarras também foram fontes de aprendizado musical. Alguns percussionistas e instrumentistas de banda, ainda hoje, têm iniciado seu aprendizado nas fanfarras das escolas de Itu.
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