Partitura da Novena ao Senhor Bom Jesus - séc. XIX
Na história do Brasil, infelizmente, quase nada se pode dizer da atividade cultural dos indígenas antes da chegada dos europeus, pela ausência de registro escrito. Portanto, apesar de ter sido lugar de aldeia indígena, a história da música em Itu só tem início com a fundação do povoado em 1610.
Desde 1684, comprovadamente, existe atividade musical de banda e canto coral, pela presença do Mestre de Capela da Igreja Matriz, Antonio Machado do Passo.
Com o crescimento do povoado e a vinda de personagens de diferentes etnias, a atividade musical também se diversificou, ao longo do tempo com o batuque dos africanos, as cirandas, a moda de viola, as modinhas, os pregões, as serestas e saraus.
A riqueza econômica patrocinou o trabalho de músicos compositores, que escreveram obras para as festividades religiosas e civis da cidade, além de criar e manter bandas, orquestras, coros para a música de diversos gêneros praticados no Brasil. Mestres de Capela e de Banda se instalaram em Itu e aqui deixaram gerações de alunos.
A vinda de ritmos norte-americanos fez nascer novas bandas, grupos geralmente de atividade jovem.
Partitura da Procissão de Palmas do Padre Jesuíno - séc. XIX
Padre Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819) santista, foi um dos maiores artistas do período colonial na Capitania de São Paulo. Viveu em Itu desde os 17 anos. Sua obra tem sido estudada por especialistas em diversas áreas, em universidades, cada vez mais caracterizando o aspecto inventivo e peculiar da obra do padre mulato. Foi pintor, escultor, arquiteto, construtor, compositor, intérprete, mestre de capela e cantor, além das atividades de um fac totum da igreja. No campo da música, escreveu obra sacra, recuperada, nos anos de 1960, pelo Prof. Regis Duprat e transcritas pela Profa. Lenita Nogueira. Destacam-se as Matinas do Menino Deus e a Ladainha em Sol menor.
Partitura original inédita de Miguel Dutra - séc. XIX - acervo Pinacoteca do Estado de S. Paulo
Miguel Dutra (1812 – 1875) Mais conhecido como artista plástico, o compositor nasceu em Itu e morreu em Piracicaba. Escreveu música sacra e música de salão, além de hinos comemorativos. Sua obra, até 2010 era desconhecida em Itu. Revela extraordinária e inesperada qualidade composicional, provavelmente inspirada no trabalho de seu mestre, Frei José de Santa Delfina. Em 2018 o Museu da Música – Itu está empenhado na recuperação do acervo do compositor
Elias Álvares Lobo (1834 – 1901) Importante compositor e regente, nasceu em Itu e, ainda criança, ficou órfão. Começou a estudar música na banda da cidade e iniciou-se compondo para a igreja e para festas de salão. Posteriormente estudou em São Paulo e no Rio de Janeiro com o compositor do Hino Nacional Brasileiro, Francisco Manuel da Silva. Em 1858 escreveu a ópera “A noite de São João”, considerada a primeira ópera escrita e estreada no Brasil. Viveu em Itatiba, Campinas e São Paulo. Durante cinquenta anos Elias Álvares Lobo compôs quinze Missas, toda a Semana Santa, duas Óperas, centenas de pequenas peças profanas, para piano e canto, além de dobrados para as bandas. Além da famosa composição “A Noite de São João”, escreveu ‘A Louca’ e algumas modinhas. Quase a totalidade de seus originais está preservada no Museu da Música – Itu.
Tristão Mariano da Costa (1846 – 1908) O professor, compositor, vereador e escritor nasceu e morreu em Itu. Foi Mestre de Capela a partir de 1872. Compôs oito missas e dezenas de motetes sacros. Manteve uma banda, orquestra e coro paroquial. Educou duas gerações de músicos ituanos, cidade da qual foi a principal liderança musical nas décadas de 1870 e 1900. Trabalhou como professor em seu Externato e no Colégio São Luiz. Foi casado com a cantora Maria Augusta da Costa. Destacam-se suas Matinas de 4ª feira santa e a Missa nº 04, dedicada à Imaculada Conceição. Dedicou-se também ao estudo da obra de compositores ituanos dos séculos XVIII e XIX. Todos os seus originais conhecidos estão preservados no Museu da Música – Itu.
Partitura das Matinas de Quinta feira santa de José Mariano - séc. XIX
José Mariano da Costa Lobo (1857 – 1892) Filho de Joaquim Mariano da Costa e Umbelina Lobo de Albertim, Zezinho Mariano teve a ventura de estudar música com seus tios Elias Álvares Lobo e Tristão Mariano da Costa, tornando-se um prodigioso compositor aos dezenove anos. Exerceu a atividade de Mestre de Capela em Itu por uma década, tempo em que compôs música sacra. Foi também atuante na música marcial e nos conjuntos que promoviam saraus nas casas da elite ituana. suas peças conhecidas são executadas durante a Procissão de Passos, na Semana Santa, os Motetes, especialmente escritos para a cerimônia. Foi o primeiro organista do órgão Cavaille-cóll da Matriz de Itu. Morreu precocemente na epidemia de Febre Amarela em maio de 1892. Deixou filhos, entre eles o músico Humberto Costa. Todos os seus originais estão conservados no Museu da Música – Itu. Quase a totalidade de seus originais está preservada no Museu da Música – Itu.
Tristão Mariano da Costa Júnior (1880-1935), foi um dos maiores compositores ituanos no século XX. Filho do Maestro Tristão Mariano da Costa e da cantora Maria Augusta da Costa, e sobrinho do compositor Elias Lobo, seguiu os passos da sua família de compositores. Escreveu, sobretudo, música de seresta (valsas, tangos, schottischs e polcas). Tristão Júnior dedicou-se também ao magistério. Foi professor de Música no Colégio São Luís, no Instituto Borges e no Ginásio do Estado (Escola Regente Feijó). Tornou-se uma referência no ambiente artístico ituano, seja como compositor, como seresteiro ou como mestre de capela da Igreja Matriz.
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